sábado, 12 de abril de 2008

Circular de Loulé - INDIGNAÇÃO 2

Assistimos no decurso do último fim-de-semana a uma intensa e profusa campanha com publicidade paga nos principais jornais nacionais, divulgando uma moção de indignação aprovada pelo executivo da Câmara Municipal de Loulé.
A indignação unânime dos autarcas terá sido motivada “…pela decisão do Governo …pelo incumprimento do acordo estabelecido para a construção da circular norte de Loulé, pela decisão de adiar sine die a concretização de tão importante infra-estrutura rodoviária e pela permanente criação de falsas expectativas que se traduz num mero paliativo que fere a dignidade de todos os munícipes…” (sic).
Juntando a minha voz, à de muitos munícipes louletanos, venho a este espaço manifestar a NOSSA INDIGNAÇÃO contra a política demagógica e inconsequente que o executivo municipal do PSD, comandada pelo Presidente da Câmara, tem vindo a desenvolver nos últimos 6 anos e meio, mas com particular relevância ao longo do corrente mandato.
Pela actualidade do tema falemos hoje de acessibilidades.As acessibilidades constituem um dos vectores estratégicos de um Município.
A atracção do investimento, o crescimento da sua economia e a qualidade de vida das populações são determinadas e condicionadas pelas acessibilidades e pela mobilidade.
Ninguém duvidará que o futuro da cidade e do próprio Município de Loulé e a sua competitividade face a outros municípios da região, dependerá essencialmente da abordagem e das soluções que venham a ser concretizadas em sede de acessibilidades.
Há 6 anos e meio, quando o PSD assumiu as responsabilidades na governação da cidade, recebeu da anterior gestão do PS um legado de soluções que constituiriam a resolução inequívoca de grande parte dos problemas de acessibilidades que fustigam a cidade - A construção da circular de Loulé. E entenda-se, que a circular de Loulé só fará sentido se for considerada em toda a sua plenitude, isto é, para além do troço já construído, ser completado a Norte pela variante à EN 270 e a Sul pelo troço entre o nó da Goncinha e a Zona Industrial e entre esta e a EN 270, a poente da cidade.
Em 2002, o PSD herdou da gestão do PS um programa de intervenção pensado e gizado no seguinte quadro de intervenções:
- As obras de construção do troço da circular entre as Barreiras Brancas e a Goncinha estavam em fase de conclusão.
√ - A construção do troço Norte da circular, variante à EN 270, entre o nó das Barreiras Brancas e o futuro nó a poente da cidade e a variante à EN 396 entre a Zona Industrial e a EN 270, estava contratualizada com o Governo por um protocolo celebrado entre a CML, o IEP e a CCDR Algarve.
√ - A construção do troço Sul da circular já programada e que veio a ser incluída nas Grandes Opções do Plano da CML em 2002, já na gestão do PSD.
Com este quadro de investimentos públicos a cidade de Loulé tinha sérias razões para acreditar que teria grande parte dos problemas de acessibilidades já resolvidos ou em vias de solução.
Seis anos e meio decorridos, o executivo do PSD, não só não conseguiu acrescentar um único metro ao que já estava construído, como tomou um conjunto de decisões que comprometem seriamente a execução da circular à cidade de Loulé.
Confira-se:
√ - Desistiu do projecto da circular da cidade de Loulé, tal como estava pensado e idealizado, passando a designá-lo apenas por circular Norte de Loulé.
√ - Abandonou a intenção de construir o troço Sul da circular, entre a Goncinha e a zona industrial, argumentando que este troço será constituído pelo troço da Via do Infante entre os nós Loulé Sul e Loulé Centro e pela megalómana via rápida Loulé/Parque das Cidades.
√ - Finalmente, lançou-se numa campanha desabrida contra o Governo, fazendo aprovar uma moção de indignação pela não inclusão do troço Norte da circular nas obras de requalificação da EN 125, mas sem cuidar de avaliar e ponderar se esta seria, de facto, a melhor opção face ao quadro de compromissos assumidos pela CML e pelo Governo.
Esteve mal, o Senhor Presidente da Câmara ao propor ao executivo o caminho menos próprio para a concretização de uma infra-estrutura rodoviária fundamental para a cidade e para o Município.
Esteve mal, porque escolheu o caminho da demagogia e do populismo fácil, em detrimento de uma postura de Estado, própria do presidente do maior Município do Algarve.
Esteve mal, porque se revelou inepto na defesa dos interesses da cidade e do Município, sem capacidade de diálogo e de uma abordagem séria e responsável que lhe é exigida por força das funções que é suposto desempenhar, como foi timbre dos seus antecessores no cargo, que evidenciaram uma elevada capacidade de diálogo com a administração central, ainda que esta fosse do PSD.
É contra esta forma de governar a cidade e o concelho que manifestamos a nossa indignação.
Há pouco mais de um ano atrás decide-se e propagandeia-se à mais elevada escala a assumpção da versão integral da circular à cidade de Loulé, tal como tinha sido delineado e planeada pela gestão do PS.
Volvidos 16 meses, decide-se que o troço Sul da circular não serve a cidade e troca-se tudo o que já estava programado e planeado pela megalómana via rápida a 4 faixas Loulé/Parque das Cidades e a transferência do troço Sul da circular para a Via do Infante.
O Senhor Presidente da Câmara Municipal de Loulé recandidatou-se com um slogan prenhe de esperança e de promessas – "para realizar aquilo que o tempo não deixou".
Começou a perceber que já não vai ter tempo para fazer nada do que prometeu aos Louletanos e, num acto repentista, abandona toda a planificação de quase uma década e anuncia obras irrealizáveis até às próximas eleições e refugiando-se atrás da bandeira demagógica da perseguição e quebra de compromissos do Governo.
É contra esta forma de governar a cidade e o Município que manifestamos a NOSSA INDIGNAÇÃO.
Victor Faria
Coordenador da Bancada do Partido Socialista na Assembleia Municipal de Loulé